Professora do Pará que chamou vigilante de macaco pede desculpas
A
professora universitária Daniela Clodorvil, que na última sexta-feira
(14) teria chamado um vigilante e um aluno da Universidade do Estado do
Pará (Uepa) de "macaco", pediu desculpas ao segurança nesta
segunda-feira (17) em entrevista exclusiva à TV Liberal, afiliada da
Rede Globo no Pará. A docente dá aulas de religiões africanas na
instituição.
"Reconheço que errei com ele. Me excedi.
Não poderia ter discutido com ele, como professora e como profissional.
Ele não era responsável pela situação", afirma Daniela. Perguntada se
ela se arrepende do que disse, ela diz que "Me arrependo e por isso
estou aqui pedindo desculpas para ele nesta entrevista", argumenta.
Ela
assegura que a palavra "macaco" não tinha nenhuma relação com o fato do
vigilante ser negro. "Macaco era justamente de macaquice, de palhaçada,
do que estava sendo feito na universidade. Não tem relação com o fato
dele ser negro. Estudo há 15 anos a questão racial e não tenho
preconceito e nem teria como ter preconceito contra a raça de ninguém",
conta Daniela Clodorvil.
A repórter da TV Liberal ainda
questiona se a professora acredita que merece ser punida pelo crime de
injúria racial. "Acho que não mereço punição. Estou pedindo desculpas!
Acho que quando se discute com alguém, se pede desculpas. A justiça tem
de avaliar se é crime de injúria mesmo quando a pessoas volta a trás e
pede desculpas. Não acho que alguém merece ir para a cadeia porque se
%%destemperou%%, se tem tanta gente agindo contra terreiros de matriz
africana, depredando e, sim, cometendo crime de racismo", defende.
Também
á TV Liberal, o vigilante Rubens dos Santos, que trabalha há três anos
na Uepa, em Belém, disse que está abalado com o caso. "Ela veio por
dentro da universidade e chegou até a mim. Me xingou, me chamou de
%%macaco%%, idiota, disse que eu estava vestido de palhaço", conta o
vigilante. "Psicologicamente eu estou muito afetado. Não consegui
dormir. Há dois dias que eu só penso nisso, nunca tinha passado por
isso", afirma .Instituições criticam fala de professora
Ao longo do dia, cartazes cobrando posicionamento da
Universidade foram fixados pelo campus da Uepa, em Belém. Frases como
"Chamar alguém de macaco não é injúria é sim racismo", foram usadas. "O
código de conduta da universidade diz que ela pode ser suspensa e até
expulsa. Queremos que a Uepa se posicione para a comunidade
universitária sobre o caso", cobra Igor Pereira, do Diretório Central
dos Estudantes (CDE/Uepa).
A ouvidoria da instituição
afirma que o caso será investigado e um processo administrativo será
aberto para apurar as denúncias. "Não concordamos com este tipo de
discriminação ou outro tipo qualquer. Vamos apurar o fato e em breve dar
uma resposta à sociedade", garante Lairson Cabral, ouvidor da
universidade.
De acordo com a delegada da Divisão
Especializada em Crimes Discriminatórios no Pará, Lucinda Antunes,
injúria racial corresponde a 70% dos casos investigados no estado.
"Trabalhamos para que esse tipo de crime diminua, mas, infelizmente,
ainda há pessoas que tem falta de respeito por outras que são da cor
negra", informa.
Já a Comissão em Defesa da Igualdade Racial da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA) a situação é inadmissível. "Causa
surpresa o fato de se tratar de uma professora e de matriz religiosa
africana, que deveria ter a consciência e o dever de combater o
racismo", questiona Jorge Farias presidente da comissão.
Entenda o caso
De acordo com os estudantes, na última sexta-feira (14) dois alunos
foram impedidos de entrar por um dos portões da Universidade do Estado
do Pará (Uepa) pelo vigilante que estava de plantão. Eles teriam chamado
a professora que estava dentro do local, a qual começou a discutir com o
segurança da universidade.
Segundo Rubens dos Santos, a professora o chamou de "macaco" e "idiota" e ele teria apenas ficado calado sem responder.
Ao
presenciar a cena, alunos ligaram uma câmera de celular e desafiaram a
docente à repetir as palavras ofensivas e registraram no momento em que a
professora repete o insulto a um dos estudantes "Tu é um macaco também.
Vai chamar de crime agora!", grita a professora a um dos
universitários.
O caso foi parar na Seccional de São
Brás e a professora e o vigilante prestaram depoimento. As investigações
seguem sobre o crime de injúria racial.
Ao longo do dia, cartazes cobrando posicionamento da Universidade foram fixados pelo campus da Uepa, em Belém. Frases como "Chamar alguém de macaco não é injúria é sim racismo", foram usadas. "O código de conduta da universidade diz que ela pode ser suspensa e até expulsa. Queremos que a Uepa se posicione para a comunidade universitária sobre o caso", cobra Igor Pereira, do Diretório Central dos Estudantes (CDE/Uepa).
Entenda o caso
De acordo com os estudantes, na última sexta-feira (14) dois alunos foram impedidos de entrar por um dos portões da Universidade do Estado do Pará (Uepa) pelo vigilante que estava de plantão. Eles teriam chamado a professora que estava dentro do local, a qual começou a discutir com o segurança da universidade.
Fonte:G1 PA