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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Um erro pode manchar tudo, diz secretário sobre segurança da Copa 2014

O secretário extraordinário
de Segurança para Grandes
Eventos, José Ricardo Botelho,
terá a missão de comandar
mais de 50 mil homens e
administrar um orçamento de
cerca de R$ 1 bilhão para proteger
torcedores brasileiros e
estrangeiros durante a Copa
do Mundo de 2014.
Delegado da Polícia Federal,
com curso em Harvard e
no FBI, Botelho definiu que vai
priorizar as armas não letais
nos estádios e seus arredores.
Trará cerca de 500 oficiais estrangeiros
para ajudá- -lo e decidiu
que as Forças Armadas
terão uma função subsidiária
no evento.
Pelo esquema de segurança
montado por Botelho,
em conjunto com autoridades
de todo o país nas três
esferas de governo, o Brasil
terá até um plano de emergência
para o caso de greves,
como a que paralisou a
construção de estádios na
África do Sul às vésperas
do início dos jogos.
"Não tenho uma preocupação
maior do que outra. Qualquer
falha é crítica. Um pequeno
erro pode manchar tudo.
Por isso estamos pensando
muito, nos estressando. Tudo
é uma preocupação. Mas estamos
seguros no nosso trabalho.
A integração com todas
as instituições está ótima",
afirmou o baiano de 37 anos
no seu gabinete em Brasília
na quarta-feira.
O secretário José Ricardo
Botelho cede entrevista
em Brasília
Folha - Quantos homens
vão trabalhar na segurança
da Copa do Mundo de 2014?
José Ricardo Botelho
- A ideia inicial é contar com
uma média de 45 mil a 50 mil
homens de segurança pública
trabalhando no Mundial. Não
estão computados os homens
que cuidam do trânsito nas
cidades, da inteligência. Estamos
fechando esse número
com os Estados.
Quais novidades tecnológicas
o Brasil vai ganhar
na área de segurança para a
Copa?
Estamos priorizando a utilização
da tecnologia não letal.
Vamos usá-las nas proximidades
das áreas da Copa,
o que engloba também as
Fans Fests [eventos organizados
pelas cidades-sedes
e pela Fifa para a transmissão
de partidas em locais
públicos].
Essas armas pretendem
parar um agressor na medida
certa e adequada. Tem uma
série de kits, pistolas elétricas,
sprays de pimenta. A grande
vantagem é imobilizar a pes-
O secretário extraordinário de Segurança para
Grandes Eventos, José Ricardo Botelho
soa e evitar mortes.
Também vamos usar muito
os serviços de inteligência.
Já fizemos uma análise
de risco junto com todos os
Estados. As grandes cidades
têm uma quantidade imensa
de câmeras. O que vamos
fazer é puxar as imagens
para os centros de segurança,
que serão outra grande
novidade.
Policiais estrangeiros
também vão trabalhar aqui?
Quase 500 homens. Criaremos
um centro de comando
integrado internacional,
que deve ficar no Rio sob
coordenação da Polícia Federal.
Vamos trazer ao centro
dez representantes de
cada um dos 31 países que
vão jogar a Copa, dez representantes
de países que não
disputam o Mundial mas fazem
fronteira e representantes
de países que não vão
jogar, mas são estratégicos
por terem feito um grande
evento.
Esses homens podem
usar a farda deles, mas
sem arma. Eles só vão atuar
junto com o poder público
brasileiro.
Se tivermos problema
com um alemão dentro do
estádio, um policial deles
fardado vai até ao torcedor
e diz, sem a barreira da língua,
que ele está causando
um problema.
Na África do Sul, policiais
e operários entraram em
greve às vésperas do início
da Copa. O país tem um plano
para o caso de uma greve
parar o Brasil durante o
Mundial?
Estamos preparando um
plano de contingência para
usar a Força Nacional ou a
Defesa em caso de atingir
a segurança pública. Fora
isso, se houver qualquer
tipo de greve, estamos verificando
qual instituição pode
assumir e realizar aquele
serviço.
Qual será o papel das Forças
Armadas?
Todas as instituições serão
respeitadas nas suas
atribuições constitucionais.
As Forças Armadas têm papel
fundamental no que diz
respeito ao espaço aéreo,
na proteção em áreas fundamentais
para os jogos
e para o país, como as regiões
de transmissão de
energia, e em questões químicas,
biológicas e nucleares.
A atuação nos grandes
eventos é assunto de segurança
pública. As Forças Armadas
vão atuar de maneira
subsidiária.
A Fifa não gosta de policiais
nos estádios. Eles querem
segurança privada nas
arenas. Como vocês lidarão
com isso?
Existe uma cultura internacional
privativa. O modelo
deles é aquele que observa
e auxilia os torcedores.
No Brasil, o poder público
sempre esteve presente.
Chegamos num parâmetro
híbrido. O segurança privado
estará lá, mas o poder
público estará lá também. O
segurança privado vai ficar
na arquibancada, vai orientar
o público, mas não tem
poder de polícia. Se o torcedor
não se comportar, quem
vai tirar o torcedor do estádio
é a polícia.
Qual é a parte mais crítica
da segurança da Copa?
Não tem uma preocupação
maior. Qualquer falha
é crítica. Um pequeno erro
pode manchar tudo. Mas
estamos seguros no nosso
trabalho.

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